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sábado, 25 de abril de 2009

Livro : Escola, instituição de tortura



O que falta é afeto. As escolas são lugares
sem alegria nem pensamento, que estão estrangulando
as crianças e destruindo a criatividade e a alegria”.
Leonard Silberman


"Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso.
Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários,
mas não me importei com isso. Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso.
Porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados,
mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora
estão me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei
com ninguém, ninguém se importa comigo."
Bertold Brecht, dramaturgo alemão



Recebi, hoje, o livro Escola, instituição da tortura, de Maria da Glória Costa Reis. Já o li, devorei-o com toda angustia do meu espírito de educadora, com toda a dor que aprendi a sentir desde que ingressei no serviço público. Este livro deveria circular em todas as universidades e cursos de formação de profissionais da educação, faculdades de direito, nos conselhos tutelares e nas instituições que cuidam de menores. Todos deveriam ler e saber dessas palavras ditas assim a queima roupa. Um choque. Um choque necessário. Mais um choque obrigatório. Meu Deus! Como pode haver tanto sofrimento por tanto tempo. Meu Deus! Quando políticos, autoridades, mídia e sociedade enxergarão que aí está a raiz de todos os NOSSOS problemas com a violência. Porque ninguém fala disso? Estão todos surdos e mudos? Estão cegos? As crianças e os bons educadores pedem socorro. SOCORRO! PIEDADE! Vamos morrer todos neste mar de ignorância, autoritarismo e mediocridade que se tornou a educação. Os casos de humilhação, bullying, assédio moral, perseguições, torturas físicas. Na mídia, as vítimas são os professores, sempre os pobres professores. Na prática não é assim. No dia-a-dia, o que vemos são colegas desestimulados, azedos, sem compromisso com a educação, com a profissão seja por comodismo, seja por desilusão.
Enquanto eu lutava para melhorar a auto-estima de meus alunos, a direção, a supervisora e alguns professores tentavam destruir com suas críticas e ações autoritárias. Fiz denúncias contra a supervisora da escola , pois ela estava agredindo os alunos (física e psicologicamente). Dentre os absurdos que a tal supervisora praticava temos a discriminação (à filhos de pais separados e alunos com dificuldades de aprendizagem), e o hábito de chamar a patrulha escolar para levar as crianças em casa, como se fossem criminosos, por qualquer indisciplina ou mesmo uma briga entre coleguinhas, além de, ao chamar a atenção, pegar as crianças pelos bracinhos e jogá-las violentamente) Poucos pais tiveram coragem de registrar queixa no Conselho tutelar, pois são coagidos pela dirigente da escola, ameaçados de perderem a vaga na escola ou serem seus filhos perseguidos numa tormenta diária incessante. Tinha testemunhas e provas e a Secretaria de Educação nem quis ver, aceitaram a versão da diretora que desmentiu tudo. Foi a segunda vez que denunciei irregularidades em escolas, pois a dois anos denunciei outra escola por reprovar alunos sem recuperação (prática comum nas escolas por onde passei). Não houve investigação dos casos, nada foi feito. Para abafar a situação a SEE-MG me transferiu de escola. As crianças continuam sofrendo maus tratos e com a certeza da impunidade as autoras destes atos continuam cada vez mais violentas. Será preciso que aconteça uma fatalidade para que alguém tome providências? Quantos ainda terão que sofrer, quanta violência terá que consumir o país?

E pensando nas palavras de Bertold Brecht, me arrisco mais uma vez

Primeiro eles maltratam os alunos, mas como não se trata dos meus filhos, eu não me importo; Depois violentam a democracia, mas como não sou assim tão democrata, fecho os olhos; Em seguida dizimam os bons educadores, mas como sou só um professor mal remunerado, finjo não saber de nada; Até que um dia toda a sociedade é atingida por uma espessa escuridão de ignorância intransponível. E como não reagi antes, já não posso operar mudança alguma.

Prof.ª Fernanda Rodrigues de Figueiredo - mestre em Literatura Brasileira e educadora da rede pública estadual de ensino de Minas Gerais

Um comentário:

  1. Recebi esse texto de uma colega da UnB e resolvi postar aqui porque foi justamente isso que eu vi quando fui lecionar numa escola no Estado de Goiás. Fiquei perplexa com a maneira que os alunos eram tratados pela escola. O desrespeito com o aluno era total. No DF também já havia visto muito disto, mas como aluna. Como professora não podia aceitar essa situação. Por isso saí da escola.
    Hoje faço pedagogia e espero poder de alguma forma contribuir para que essa situação melhore.

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